Resenha: Ciclo das Trevas – O Protegido

Narrativa 3ª Pessoa, detalhada nos acontecimentos e nas histórias deste novo mundo e suas eras, criado por Peter V Brett. O ritmo é perfeito, nunca fica entediante. O autor conta o que é necessário saber e passa rápido pelos acontecimentos que não exigem muito conhecimento do leitor, assim evita que a leitura se arraste em muitos pontos do desenvolvimento dos personagens e seus mundos entre os anos de 318DR – 332DR (depois do retorno) de forma concisa.

Logo no primeiro capítulo nos deparamos com a destruição que os aldeões do Riacho Tibbet sofrem, o que se reflete também em outros lugarejos e diversas cidades; o medo dos terraítas, assim chamados os demônios que se materializam das Profundas todas as noites; como as pessoas se protegem dos demônios usando a magia escrita de símbolos protetores, dos quais muitos se perderam com o tempo, entre elas, inclusive, os que há milhares de anos atrás os permitiam lutar contra estes seres e não apenas se esconderem dos terraítas.

Agora, 300 anos depois da volta dos terraítas, as pessoas covardemente se escondem dos demônios noite após noite atrás das marcas de proteção em suas casas. As refazem e reforçam sempre que possível. O medo os consumiu e poucos se aventuram noite adentro caminhando entre as comunidades, em destaque os mensageiros que são aqueles que permitem a troca de mercadoria e cartas entre as cidades e alguns menestréis.

É um mundo rústico e com diferenças sociais notáveis entre as cidades. De primeira pensei que seria um livro com uma leitura mais infantil, mas não. Peter V Brett mergulhou de cabeça nos problemas principais daquela sociedade que podem facilmente serem expressos em nossa sociedade atual, entre elas temos: a sexualidade adiantada, a desvalorização da mulher, abusos sexuais e de poder; o poder das crenças pessoais refletindo na estrutura e nos valores culturais, os atos terríveis cometidos em nome da fé, entre outros.

É um livro sombrio que não poupa o leitor das cruéis realidades que assolam este novo mundo criado por Peter V Brett. Há cenas intensas e repugnantes que nos deixa a flor da pele, tensos e imersos nos terrores corriqueiros deste mundo, atiçando o leitor a ler página após página usando aquela mesma desculpa de ‘só leio até o próximo capítulo’. Resumindo, é extremamente empolgante e interessante.

Logo nas primeiras 200 páginas nos deparamos com três personagens que vivem respectivamente em seus lugarejos e somos apresentados a suas vidas cotidiana e suas culturas, sendo eles: Arlen, Leesha e Rojer. Vivemos com eles os dias anteriores ao estopim que os levam a abandonar certas crenças e iniciarem suas próprias jornadas.

Arlen e sua revolta contra a covardia do povo de seu lugarejo e principalmente de seu pai. Motivado por Ragen, O Mensageiro – indiretamente – a buscar coragem naquele mundo após traumáticos acontecimentos diretamente ligados a ele. Peça importante movido pela curiosidade em busca de fazer os terraítas pagarem pelo mau que lhe causaram.

Leesha, prometida a um jovem, em sua descoberta de mundo além das obrigações banais das mulheres como se casar virgem, terem filhos e dedicar sua vida a sua família em prol do homem. Desprezada pela mãe imoral, mas amada pelo tolo pai. Com elas vemos o quão repulsivo os homens podem ser numa sociedade onde são supervalorizados e a mulher ainda está mostrando seu valor.

Rojer que começa com apenas três anos de idade e sofre um terrível encontro com terraítas que marcam sua vida de forma extrema e transforma essa sua vida feliz em uma luta cotidiana pela sobrevivência além do lugarejo.

Estes três são pessoas comuns tiradas do conforto de sua infância baseada na ignorância e serão um grande diferencial na luta contra os terraítas e na busca de um novo mundo. Movidos por seus traumas e um coração maior que seus medos eles irão reavivar a luta pelos domínios da noite.

Leia a Resenha: Ciclo das Trevas – A Lança do Deserto – Volume 2

About Isabela

Laziness Girl, gamer e personal trainer nas horas vagas, é leitora apaixonada. Eterna criança, dentro e fora das livrarias. 'Inicianda' no mundo do RPG, apresentado pelo Jaguar.

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