Resenhas: Saga Divergente

Divergente é o primeiro livro da série de mesmo nome escrita pela autora norte-americana, Veronica Roth. Foi lançado nos Estados Unidos em 25 de Abril de 2011, chegando ao Brasil e Portugal em 2012. Seu segundo livro, Insurgente, foi lançado em 1º de Maio de 2012 nos Estados Unidos, enquanto o terceiro, Convergente em Outubro de 2013.

Se você não esta emocionalmente preparado para chorar de raiva da autora desta saga, por um período de tempo relativamente longo, e não ter um final perfeito onde tudo se resolve e todos ficam felizes, desista agora de ler Divergente. Mas não indico que o faça.

Peço que seja forte e esteja preparado para refletir, e muito. Eu explico isso agora.

E irei falar da trilogia como um todo, e o porque você deve correr para as livrarias agora e comprar a trilogia + o livro extra Quatro.

Não é novidade que a história de Divergente se passa em um futuro distópico, após uma guerra que mudou o mundo para pior. Nem que se passa pela visão de uma adolescente, nem que há romance adolescente e dúvidas auto destrutivas. Espera. Antes que desista agora de ler, deixe-me dizer algo importante: não há foco em romance adolescente, não há apenas o clichê de futuro cheio de erros humanos, há muita ação, lutas, tiros, pouco tempo para ver felicidade, muitos conflitos pessoais e perdas, e mais perdas, e mais conflitos, e mais erros humanos e a grande dúvida sobre a natureza humana. Será que ela é uma dádiva ou uma maldição?

A narrativa da história é feita pela personagem Beatrice Prior, que mais para frente adota o nome Tris. E tudo começa com uma breve explicação sobre um mundo destruído no passado, onde as guerras levaram a sociedade ao limite e muitas vidas se perderam. Para evitar uma destruição maior da população se ergue muros em volta de uma cidade, que descobrimos ser Chicago – EUA, e a sociedade dentro destes muros foram divida em cinco facções.

Abnegação, pelas pessoas que acreditavam que o mau da sociedade era o egoísmo, e nela se pratica o altruísmo de forma extrema e exagerada. Pra se ter noção as pessoas desta facção sequer se olham no espelho para evitar a auto condescendência. E estes são os que lideram o governo, por serem capazes de pensar no bem para todas as facções.

Audácia, por aqueles que acreditavam que o mau do mundo era a covardia, o medo. Estes são responsáveis pela proteção dos muros da cidade, proteger a população do desconhecido que há além destes. Os ‘viciados em adrenalina e desmiolados’, assim visto pelas outras facções. Que buscam ilimitar o destemor. Torna-se uma facção importante logo no começo do primeiro livro, por ser a facção de escolha de Tris e na qual ela se depara com os conflitos que virão e se prepara para enfrentá-los.

Franqueza, criada por aqueles que acreditavam que o mau era na verdade a mentira, a omissão das verdades que permite as pessoas guardarem seus pensamentos mais perigosos, esconder as vergonhas que nos leva a atitudes diversas para manter em segredo. E a facção mais inútil dentre as cinco. Quer preservar a naturalidade de se falar a verdade independente das consequências.

Amizade, moldadas por aqueles que acreditavam na autossuficiência e à neutralidade, visam à paz e o bem comum. Única facção que não possui líder, apenas um representante de ideias coletivas e, praticamente, unânimes. Lembram hippies e a paz da comunidade é um tanto suspeita. Parecem inúteis, mas se torna um abrigo e, mais adiante, não tão pacífico assim.

Por fim, e não menos importante – acredite em mim – a Erudição, os que a formaram acreditavam que o mau da sociedade era a ignorância, eles buscam o saber, não querem viver no desconhecido e estão constantemente em busca de prosperar a cidade. Se não a facção mais importante para todos sobreviverem, a que mais se envolve com as outras facções, assim mantendo entre eles um tom de superioridade e alimentando a ideia de que eles que deveriam governar, ao invés da Abnegação. É de fato o oposto da Abnegação, o egoísmo faz parte da visão que outras facções têm da Erudição.

Durante a Cerimônia de Escolha das facções que se descobre a aptidão que a pessoa possui e para qual facção deverá ser designada, aqueles que possuem aptidão para duas ou mais são considerados Divergentes, logo Tris se depara sendo Divergente. Estes estão sendo eliminados com a fachada de serem perigosos. É um segredo que pode lhe custar a vida.

O conflito é iniciado pela facção da Erudição, com auxilio dos líderes da audácia, contra a abnegação. Este conflito começa em Divergente e se estende até o último livro. A cada capítulo se descobre mais e mais, a história não se torna monótona por estar em constante evolução dos personagens e as descobertas dentro e fora dos muros que o limitam, e daí para muito além. Porém ela se torna repetitiva em Quatro (o livro) por ser, em parte, a visão de Quatro de tudo o que ocorreu antes de Divergente e depois no mesmo tempo em que Divergente se passa.

Alguns conceitos são levantados durante a saga, conforme os personagens vão descobrindo sobre as facções e sua formação.

Sabemos que a inteligência e seu desenvolvimento são de máxima importância para a evolução de nossa espécie, mas aqueles que detêm muito conhecimento não acabam por esnobar aqueles que pouco sabem do mundo? Da vida?

Qual o limite entre coragem e os atos que afrontam os limites do medo que nos protege da autodestruição?

Com estas perguntas lhes deixo outra questão:

Está pronto para se aventurar em consecutivos erros e poucos acertos que a nossa tão querida ‘natureza humana’ nos permite cometer? Há muito que refletir sobre nós agora e o que este futuro distópico apresenta nesta incrível e bem elaborada saga, escrita por Veronica Roth. Cada personagem é bastante único e há uma gama deles.

Quatro, cujo nome verdadeiro Tobias Eaton é muito evitado por carregar um passado sombrio e um peso enorme de seus pais, é complexo, perturbado e apaixonante. Há um ‘Q’ de cavalheirismo perdido e valores próprios preservados até o limite do seu ser. Este, por ser tão elaborado e não haver um momento perfeito para revelar toda sua história recebe um título próprio no quarto Livro além da trilogia. Contendo cenas extras. Logo falaremos mais sobre este. Mas não podemos deixar de dizer que no terceiro livro, Convergente, ele ganha capítulos intercalados com Tris dos acontecimentos, e torna tudo mais detalhado e intenso, (aí, o finaaaaal, como dói lembrar).

Tris começa como uma garota normal da abnegação, Beatrice Pior, sem graça, com pais sem graça, de uma facção totalmente Careta, recebendo assim este apelido durante Divergente. Inveja a naturalidade de seu irmão, Caleb Pior, de pertencer a abnegação, pois nunca se sentiu tentada a pensar no próximo como seus ensinamentos a obrigavam. Seu desenvolvimento é nítido, principalmente aos olhos de Quatro. Ela se torna uma personagem tão perturbada quanto Quatro, forte, inteligente e dedutiva, porém com atitudes destrutivas, envolta de ações para tentar compensar o fato de seus pais terem dado a vida para salvá-la, tentando desesperadamente provar um grande ensinamento de sua facção de origem, no qual dizem: se o sacrifício for a melhor maneira de as pessoas nos mostrar que nos ama, devemos permitir que ela o faça. E isso pode levá-la a própria destruição.  Acaba se tornando comum ler cada linha esperando aquela saída da situação, na qual ela finalmente não tomou uma atitude final de autodestruição.

Peter, um garoto tão detestável quanto talentoso para a audácia. Começa como um personagem encrenqueiro, covarde e, depois talvez, detentor de piedade. Implica com Tris desde sua iniciação na audácia e lhe causa sérias complicações em Divergente e Insurgente. Não deixe de prestar atenção nele.

Caleb Prior, irmão de Tris, um garoto que sempre mostrou aptidão e conforto em pertencer à abnegação. É naturalmente bondoso e disposto a ajudar o próximo sem nem ter que pensar antes. Algo que Tris inveja. O irmão que sempre a repreende e a guia nos ensinamentos de sua facção de origem. Surpreende na Cerimônia de Escolha, escolhendo assim a Erudição, e daí para frente se transforma.

Marcus Eaton, pai de Tobias (Quatro) Eaton, líder da abnegação, o homem bondoso em que todos se inspiram e que mantém essa reputação até Convergente, onde seu passado com Quatro é revelado e tornando um ser tão detestável quanto ambicioso.

Jeanine Matthews, líder ambiciosa da Erudição, tão influenciadora quanto influenciada pelos princípios secretos da Erudição de deter o poder e que não mede esforços para que o grande segredo não seja revelado, e que a paz da cidade e entre as facções se mantenha. Ríspida, direta, tão inteligente quanto gananciosa, seu senso de superioridade dita os acontecimentos em Divergente e seu poder se esgueira entre as facções.

Cristina, aquela amiga inseparável que fala a verdade, obviamente transferida da Franqueza para a Audácia, que se torna um conforto e uma companhia necessária, até que não consegue mais olhar para Tris sem sentir raiva e solidão. Muito importante na transição de ‘Careta’ para ‘Audaciosa’.

Will e All, os primeiros contatos com amigos, homens, que trás a sensação de ‘família’ na audácia.

Há tantos personagens importantes, em cada detalhe da transformação de Tris, das facções, detentores dos segredos e missões antes não reveladas que não há como não se apegar a algum deles. E não há como se decepcionar, se não, talvez, pelo único desapontamento que é o fim da saga, com uma conclusão inesperada e OUSADA. Reflita durante os capítulos finais para evitar que esta saga se torne uma decepção. Finais felizes não significa que tudo e todos estejam sorrindo atoa. Apenas uma palavra descreve tão bem este final e o quanto ele foi elaborado: Ousado.

Estes são um dos poucos motivos que nos levam a muito refletir nesta incrível saga. Leia, viva levantes, emoções, conflitos de poder e idealidade.

Seja audacioso, inteligente, altruísta, verdadeiro e amigo.

Sejam Corajosos.

About Isabela

Laziness Girl, gamer e personal trainer nas horas vagas, é leitora apaixonada. Eterna criança, dentro e fora das livrarias. 'Inicianda' no mundo do RPG, apresentado pelo Jaguar.

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